A Revista Exame trouxe uma matéria de capa com os dados atualizados divulgados pela Isma-BR (International Stress Management Association no Brasil) sobre as incidências de casos de Burnout no mundo. No Brasil, 72% da população tem alguma sequela de estresse e 30% destes sofrem com o esgotamento profissional. Este quadro não só afeta a saúde dos colaboradores, como gera enorme prejuízo financeiro para as empresas: 92% das pessoas que sofrem de Burnout se sentem incapacitadas para trabalhar e produzem em média 5 horas a menos do que os funcionários saudáveis.
“Apesar do problema atingir toda a sociedade mundial por nosso estilo de vida atual, no Brasil, o ponto mais crítico da causa do Burnout é a cultura de gestão. As ambições de crescimento organizacionais e individuais acontecem em um clima de desconfiança e insegurança. Ainda praticamos uma gestão controladora, baseada em entrega de resultados de curto prazo, pautada por metas impostas, dentro de uma mentalidade de escassez, o que cria ansiedade nas pessoas. A gestão moderna, quando se soma às tensões da urbanização e o excessivo estímulo tecnológico, é geradora de Burnout”, afirma Luciano Alves Meira, sócio da Caminhos Vida Integral.
Crescimento aconteceu em todos níveis hierárquicos
Em 2019, o estresse crônico atingiu 45% dos presidentes e CEOs de organizações, 39% dos diretores e 50% dos profissionais em cargos de gerência, o que implica que a gestão de saúde mental deve acontecer em todos os níveis. Se os líderes das grandes organizações sofrem com o Burnout, como desenvolver um ambiente saudável?
Um trabalho de liderança humanizada, por exemplo, prepara os líderes para conduzirem melhor a sua própria vida e se capacitarem para gerir melhor as suas equipes para que se sintam melhor no ambiente do trabalho, produzindo mais e evitando cargas horárias excessivas. O ser humano é um ser biológico, psicológico e espiritual. E esses três aspectos precisam ser respeitados. Essa é a virada para o Brasil e para qualquer país. Há 5 anos, eu escrevo e falo sobre isto: o desenvolvimento do potencial humano precisa ser compreendido como um fim em si mesmo, e não como um meio para a obtenção de resultados econômicos. Luciano Alves Meira.
Saúde mental será prioridade em 2020: 30% das organizações querem implementar iniciativas
A consultoria de benefícios Mercer Marsh apontou que 46% das empresas brasileiras dizem ter alguma prática para a saúde mental dos funcionários, como massagem, psicólogos ou práticas de meditação e 30% desejam implementar iniciativas. Para Luciano, esses esforços demonstram um avanço para o mercado corporativo, mas não basta tratar a doença, é preciso preveni-la. “Equipe de psicólogos ou neurocientistas envolvidos no atendimento das pessoas que não estão bem são medidas curativas e muito válidas, mas o que fará efeito no médio e longo prazo é uma atitude preventiva. O foco deve ser na mudança de cultura organizacional. Ainda temos a ideia de que o resultado vem com o esforço das pessoas, sua dedicação cada vez maior. Mas do que adianta atingir grandes metas se o preço a pagar neste processo for o mal estar psicológico das pessoas?” conclui Luciano.